Passa o celular

Em tantos anos andando pra cima e pra baixo por aí, nunca havia sido assaltado. Mas como nada é perfeito e tudo tem a sua primeira vez, infelizmente hoje esse dia chegou. Como não tenho aula nas sextas-feiras a noite, geralmente saio do trabalho e vou direto pra casa. Por sinal, hoje ocorreu o segundo manifesto a favor das diversas reivindicações populares aqui em Novo Hamburgo. Um colega do trabalho iria participar e insistiu para eu participar também, mas por motivo de força maior, que não vem ao caso agora, acabei não indo e fui pra casa.

Enquanto passava pelo Centro da cidade, percebi um cenário diferente; ainda eram 18:45 da noite e boa parte das lojas já estava fechada, além de poucas pessoas andando pela rua, exceto alguns desgarrados que pareciam estar andando em direção ao grande grupo de manifestantes que estava algumas quadras antes do local onde eu andava.

Usando fones e ouvindo meus podcasts, como sempre, segui meu caminho, uma caminhada que dura entre 25 à 30 minutos. Faltando algumas quadras pra chegar em casa, no cruzamento a frente desceu um indivíduo montado naquelas bicicletas de velho; sim, aquelas com guidom curvado, sem banco e com bagageiro atrás, o qual geralmente é usado pra sentar. Desde o momento que avistei o cara, pensei: “PQP!”. Pedalando na minha direção e subindo a calçada, o “tipo” perguntou: “Pensa que tá indo onde?”. Eu acabei afrontando: “O que tu quer, cara?”. Ele retrucou: “Que horas são?”. Sem olhar pra relógio ou nenhum outro dispositivo, respondi: “São 19 horas!”. E ele: “Passa o celular!”. Acrescentei: “Não tenho celular nenhum!”. Ele: “Não mente! Passa o celular!”. Sem mais contestações, mesmo que o meliante estava com as “mãos limpas”, desconectei meus fontes, deixei os mesmos cair sobre a gola da camiseta e entreguei o Motorola Razr D1 com 2 meses de uso comprado em 12 parcelas. Após entregar o aparelho, o cara olhou e disse: “Vai andando e não olha pra trás!” Sem pestanejar, levantei as mãos e segui meu caminho.

Imagem: http://bomjardimnoticias.com/

Depois de ter andando alguns metros, tentei uma rápida olhadela pra trás, na tentativa de ver se não estava sendo seguido, aparentemente não estava, mas diante da situação decorrida segundos antes, apenas soltei: “Que merda!”.

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