Se ferrando, mas com dignidade
Eu deveria estar fazendo uma prova nesse exato momento. Bom, talvez não no momento em que você está lendo esse texto, mas no momento em que eu escrevia. Era uma prova de matemática. Mais precisamente, Cálculo Vetorial e Geometria Analítica. Eu já sabia que isso iria acontecer, afinal, não sou muito bom com exatas. E eu não estudei. Simplesmente, não estava com saco, paciência ou disposição.
Depois de uma longa semana de trabalho, tarefas que vem, tarefas que vão, a única coisa que eu procuro ou quero fazer em um domingo quente de outono é dormir. Confesso que tentei acordar cedo, confesso que tentei não tirar aquele cochilo depois do almoço, mas foi mais forte que a minha boa vontade.
Talvez eu poderia ter estudado ao longo dos dias, nas semanas que intermediaram as cinco últimas aulas marcadas desde o início do semestre até aqui, mas não consegui. Quando recebi a prova, fiquei matutando os conteúdos que havia assistido no YouTube durante a noite passada, resultado de uma breve pesquisa referente a “equação geral da reta” jogada no Google. Não fui muito feliz com as lembranças. Antes tivesse largado tudo e corrido para as colinas, SÓ QUE WHAT? Não, isso não iria acontecer.
Sem rodeios, a primeira pessoa entregou a prova. Já era em torno de 20 horas, sendo que tudo havia começado apenas 20 minutos mais cedo. Considerando que eu estava sentado bem na frente da mesa da professora, levei os olhos até a prova da mocinha que estava entregando e conclui: “É nóis parceira!”. Pois a menina havia entregue quase tudo em branco. Passou mais uns 5 minutos para ocorrer outra entrega. Bisbilhotei novamente e “Bem vindo ao grupo, meu chapa”, classifiquei mentalmente meu colega. Esperei mais uns 20 minutos, rabiscando mais alguns números, como quem está muito compenetrado nos cálculos, até a hora que pensei “Quem eu estou enganando?”. Em um ato sensato, mas constrangedor o bastante para baixar a cabeça sem hesitar, entreguei a prova. Preferi não pedir clemência, uma forma de punição por uma coisa que eu mesmo provoquei. Se eu não estudei, se eu não estava preparado, a culpa foi inteiramente minha. Estou ciente de que as consequências serão bem maiores que a minha motivação para estudar. Ao menos dessa vez.