A vida e a vontade de viver
Sempre que alguém morre de forma repentina fico bastante impressionado. “Bá, fulano morreu! Até ontem ele estava bem e tal…”. Foi assim com a morte do ex-político e ex-candidato a presidente, Eduardo Campos, na semana passada. Uma noite antes do acontecido ele estava sendo entrevistado no Jornal Nacional, o telejornal mais famoso do país. Na noite do acontecido, a mesma dupla, William Bonner e Patrícia Poeta, quem havia entrevistado o cara, anunciava a sua morte.
Ontem eu passei mais de 3 h e 30 min aguardando atendimento na emergência de um hospital (por incrível que pareça, um hospital particular). Estava mal da gripe, forte dor de garganta, e pra completar, sem voz. Precisava de um apoio médico, além de medicação. Enquanto esperava, fiquei observando as pessoas ao redor. Prestei atenção em uma senhorinha, provavelmente com seus 80 e poucos anos, aparentemente acompanhada da filha. Ela estava aguardando por um leito. Provavelmente iria passar por algum tratamento intensivo ou algo do tipo, o que necessitava de internação, pois não parecia estar tão ruim assim, inclusive comentava ironicamente, brincadeira mesmo, com um e com outro sobre a demora excessiva nos atendimentos. Fiquei intrigado com uma pasta de plástico transparente, repleta de documentos e exames que a filha dessa senhora carregava. Comecei a imaginar a luta pela qual as pessoas passam na intenção de viver um pouco mais. Pensei em quantos exames essa mulher já precisou fazer. Quantos raio X, ultra-sons ou ressonâncias? Talvez até use algum marca-passo para monitorar o coração ou um cateter para aplicação direta de medicação.
E esse é apenas um exemplo. O pior é pensar em quantos milhares e milhares e pacientes lutam diariamente pela vida. Sofrem pela angustia da morte. Resistem e querem viver a mesma vida que pode ser apagada em um piscar de olhos, acabando com a tripulação inteira de um avião, gente que estava saudável, e sem esperar, no desenrolar de poucos segundos, tem sua vida interrompida.