A montanha-russa da vida
Eu tinha um colega de trabalho que seguidamente exclamava: “É bom tá vivo!”. Sim, é bom, mas nem sempre.
Em novembro de 2019, quando perdi minha mãe, me dei conta de que não estamos aqui nesse mundo pra viver bem e sermos felizes, apesar de que em alguns momentos isso é possível.
Nascemos e vivemos suscetíveis ao imprevisto. Afinal, por mais que as coisas estejam muito bem, a qualquer momento pode acontecer algo que vai causar infelicidade, seja ela muito pequena, pequena, média, grande ou muito grande. E isso vai desde estar caminhando na calçada, tropeçar e descolar a sola do sapato, até perder um ente querido, como uma mãe ou um pai.
Para alguns, essas fatalidades são frequentes. Para outros, talvez nem tanto, o que gera uma sensação de bem-estar e vida boa. E ainda, tem os momentos mesclados.
Logo depois que minha mãe morreu, apresentei meu TCC e tirei 10. Apesar de toda a tristeza pela falta dela, uma pequena parte de mim estava feliz, pois após uma longa jornada, estava concluindo a graduação e encerrando um ciclo com honrarias. Nessa semana que está passando foi minha formatura. Foi um momento bacana. Porém, novamente estou triste pois um dia depois da cerimônia, perdemos o Barney, nosso cachorrinho que completaria 15 anos no próximo mês.
A algum tempo atrás, lembro que o Izzy Nobre escreveu um livro cujo título é “Todo o dia tem uma merda”. Certa vez eu até comecei a ler, mas pra mim o título fez mais sentido que os próprios contos apresentados na obra e me confirma a convicção de sempre algo não vai estar bom.
Com base nisso, reitero a impressão de que nascemos pra viver e sofrer. Às vezes, com sorte por períodos ininterruptos, o sofrimento nos concede uma folga e até criamos boas lembranças pelas quais entendo que nós temos que enxergar o propósito de viver, mas em outros, nem tanto. O fato é que como diz o título do livro: todo o dia tem uma merda. E ela pode ser quase insignificante ou que vai alarmar uma ferida que te acompanhará pelo resto da vida.