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A introversão e o que me afasta das pessoas

Já não é de hoje que venho pensando nisso: porque me afasto das pessoas e não procuro saber como estão tempos depois do último encontro? Deixe-me explicar…

Na primeira escola que estudei, nunca mais voltei para visitar os professores. Na segunda e na terceira escola foi a mesma coisa, fora uma ou outra ocasião especial (festas beneficentes, formaturas e outros compromissos) quando eu era obrigado a ir e ficava bastante tímido em ter que lidar com todos os professores novamente (não tinha certeza se lembrariam de mim).

shyImagem: www.teepublic.com/t-shirt/1580611-limited-edition-exclusive-cartoon-shy-kid

No meu primeiro emprego, quando sai, fiquei de voltar e dizer um “olá” para todos alguns meses mais tarde, mas isso nunca aconteceu e hoje a empresa nem existe mais, apenas os constantes sonhos que me colocam voltando a mesma função no início da minha carreira. E porque eu não voltei?

No meu segundo emprego, sinto que sai de lá muito rápido e deixei as pessoas “na mão”, pois não tive opção: recebi a proposta na segunda-feira para começar já na próxima semana em uma nova empresa. Por isso, não me sinto confortável em voltar lá.

E quanto as amizades da época da escola, do intercâmbio, do início da faculdade, como ficaram? Perdi o contato com muitos… As razões? Tenho a impressão que quase não tenho assunto pra puxar e o pouco que tenho, ainda fico achando que a conversa vai “esfriar” rápido e vai ficar um clima chato por não saber conduzir o papo.

Ei, senhor cobrador

“Pagueee o aluguéeeel!!!”. Na realidade não é bem desse tipo de cobrador que eu queria falar. Melhor deixar o senhor Madruga e as dívidas dele pra outra postagem. Nessa aqui eu quero falar sobre cobradores de ônibus.

Sim, aquelas pessoas que ficam sentadas de lado naqueles bancos grandões dos ônibus, só observando você passar e quando muito cobrando os trocados da passagem, já que muitos passageiros hoje já pagam com cartão. Não tenho nada contra os cobradores. É uma função digna como qualquer outra. Simpatizo com aqueles que tentam ser solícitos as pessoas idosas e com necessidades, além daqueles que tentam ajudar as senhoras que querem passar na roleta abarrotadas de sacolas com compras do supermercado. Meu problema é com aqueles que mal abrem a boca pra responder quando são questionados e que ficam o tempo todo com cara feia como se aquele estivesse sendo o pior dia da vida deles.

cara_feia_cobrador_onibusImagem: mediarfamilia.com.br

Concordo que não é sempre que acordamos em um bom dia. Eu mesmo admito que já passei por algumas situações no trabalho, nas quais poderia ter tratado melhor meus colegas ou tentado ser mais prestativo. Mas isso não é sempre. Foi um dia ou um momento fora do comum. Talvez eu estivesse estressado com algum problema do próprio trabalho, com muitas tarefas pra concluir ou mesmo preocupado com as horas extras que teria que cumprir naquele dia. Mas volto a dizer, esse foi um acontecimento fora do comum.

O problema são pessoas que vivem sempre dessa maneira, como muitos cobradores de ônibus que já vi. Claro que eles também sofrem pressão, ficam nervosos e irritados com o trabalho e tem aflições tanto na vida profissional quanto na vida pessoal, mas não acho que justifique tanto rancor. Não vejo motivos para estarem sempre com a cara amarrada e principalmente que não respondam com boa vontade qualquer questionamento feito por algum passageiro perdido e em busca de informações. E o mesmo vale aos motoristas. Sabemos que muitos fazem papel dobrado, dirigindo e cobrando ao mesmo tempo, mas reforço que não há motivos para tanto rancor. Já temos muita coisa pra mudar nesse muito que não dependem apenas de boa vontade, mas quanto as que estão no alcance das pessoas, como essa, não custa tentar melhorar.

Gentileza gera gentileza

how_much_do_you_wanna_pay_for_a_coffeeHow much do you wanna pay for a small coffee???

E aí, será que vale pedir com jeitinho?

Fonte: 9gag via Instagram

Faça seu sorriso mudar o mundo

“Faça seu sorriso mudar o mundo mas não faça o mundo mudar seu sorriso.”

Fonte: 9GAG via Instagram

Ladra passiva com cara de recaldada

Já fazem alguns anos que minha mãe trabalha em casa. Além de cuidar das tarefas do lar, ela também mantém um salão de beleza montado na garagem aqui de casa. A demanda não é grande, mas quase todos os dias ela atende ao menos uma pessoa. Geralmente é gente conhecida, vizinhos, amigos ou parentes. Boa parte das vezes as pessoas vem por indicação, e ela evita atender desconhecidos, pois seria o mesmo que convidar alguém que não conhece pra tomar café da tarde, afinal, de certa forma a pessoa é recebida dentro de casa.

A cerca de três semanas, apareceu uma mulher querendo fazer unhas, pintar o cabelo e coisas do tipo. Quando ela tocou a campainha, minha mãe logo perguntou se ela havia recebido alguma indicação antes de vir, ela comentou que é amiga de uma outra cliente, apesar de já fazer um bom tempo que essa senhora não aparece por aqui, não deixava de ser uma referência. Certa de que poderia ganhar alguns trocados, a mãe deixou a mulher entrar, e tratou de realizar o serviço conforme ela havia pedido.

No fim do atendimento, ela agradeçou, virou as costas e começou a caminhar em direção ao portão. A dona Soely espantada falou: “Você não vai me pagar?”, a mulher sem pensar muito, apenas respondeu: “Não!”. Sem entender, a mãe comentou: “Você só pode estar brincando…”. Em tom de revolta, a mulher diz: “Eu tenho dinheiro mas não vou te pagar! Olha o lugar que você mora, se você soubesse onde eu moro, não deveria nem pensar em cobrar. Você não precisa de dinheiro!”. Revoltada e sem saber o que fazer, não querendo criar mais confusão e com medo das consequências, a mãe não fala mais nada, e deixa a mulher sair.

Como meu irmão está de férias da escola e por aqueles dias, eu também ainda estava em casa na parte da tarde, é raro minha mãe ficar sozinha. No entanto, exatamente naquela quarta-feira, nós dois saímos. Bem no dia que aquela ladra passiva, disfarçada de recalcada coitadinha resolveu atacar. Não que iria resolver se meu irmão e eu estivéssemos em casa, mas não sei se iriamos deixar ela sair tão fácil assim. Meus pais sempre trabalharam muito para adquirir o que eles tem hoje, e ninguém tem o direito de achar que pode chegar aqui e jogar na cara deles que não merecem receber pelo trabalho prestado. Arrisco dizer que gente assim não vale o que come.

Imagem: aishamusic.wordpress.com