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As pessoas morrem e o Facebook nos conta

No último domingo, através da postagem de uma outra professora no Facebook, soube que uma ex-professora de matemática da época da escola, no ensino médio, faleceu. Fiquei chocado. Ela era tão nova. Deixou filhos e acredito que marido também. Já fazem quase 10 anos desde que me formei, mas lembro muito bem das aulas dela, dos conselhos, dos puxões de orelha e das brincadeiras. Ela era aquele tipo de professora mãezona, sabe? Que cobra, que se preocupa com o bem estar dos alunos e que preza pela boa convivência na turma. Alias, acabei de lembrar que no 3º ano ela era a professora conselheira da classe. Depois que me formei, infelizmente não mantive contato com ela. O máximo que fazia era curtir uma ou outra postagem no Facebook. Não sabia que ela estava doente. Descobri porque procurei saber o que havia acontecido quando fui acometido com a notícia sobre a sua morte.

ripImagem: graphicriver.net/item/cartoon-grave-with-tombstone-and-flower/7164377

No início do ano, descobri que a irmã de uma colega dos tempos de escola (estudamos juntos entre a 1ª e 5ª série) havia falecido. Li uma postagem no perfil do Facebook da minha ex-colega. O texto dizia algo sobre a infelicidade da irmã ter morrido mas que foi um caminho que ela escolheu. Procurei saber informações nos comentários da postagem, em postagens anteriores, no perfil da menina que morreu, mas não encontrei. Fiquei colidido com a notícia. Pensei em chamar minha colega no Messeger e perguntar, mas como fazem muitos anos que não tenho mais contato com ela (fora a amizade no Facebook), achei que seria indelicado. Essa colega e eu temos a mesma idade, mas lembro que quando nós estávamos na 4ª série, a irmã dela estava na 2ª, então presumo que ela era dois anos mais nova. Nunca tive contato com ela, mas lembro dela nos recreios da aula e quando o pai delas deixava as duas na frente da escola pela manhã. Desde essa época, já fazem 16 anos. Nunca poderia e nem mesmo gostaria de imaginar naquele tempo que anos mais tarde ficaria surpreso com tal notícia.

cloudsImagem: www.thoughtco.com

No ano passado fiquei sabendo que um conhecido da época do intercâmbio havia morrido. Vi os comentários de um professor da escola onde estudamos em Toronto na postagem de outro colega no Facebook. Durante minha passagem pela escola, não fui muito próximo desse rapaz que morreu. Nossos encontros pelos corredores eram feitos de cumprimentos e mais tarde nos adicionamos no Facebook. E como a vida muitas vezes é cheia de coincidências, no dia que eu estava voltando para o Brasil, encontrei ele na sala de embarque do Aeroporto de Guarulhos. Ele já havia voltado fazia dois meses e estava viajando a trabalho. Falamos por uns 5 minutos. Ele me contou do trabalho (acho que ele tinha um envolvimento com o governo e o exército) e sua dificuldade em ficar em casa desde que voltará, devido as viagens de trabalho pelo Brasil. Espero que ele tenha resolvido essa dificuldade antes de partir e tenha aproveitado mais tempo com sua família.

“Eu faço!” E nós como fica?

Fazem 34 anos que meu pai trabalha na mesma empresa. Por 25 anos ele é gestor de uma equipe com mais de 20 pessoas. Observando o trabalho dele, principalmente na época que trabalhei nessa empresa, mas em outro departamento, percebi que ele nunca faz referência para algum serviço ou procedimento executado na sua rotina de trabalho descrevendo algo como “eu trabalho dessa forma…” ou “eu faço desse jeito…”, mas sempre “nós trabalhos assim…” ou “nós fazemos dessa maneira…”. Meu pai é consciente que ele sozinho, sem a dedicação e a força da equipe, não conseguiria coisa alguma, ao mesmo tempo que a equipe, sem o conhecimento e a orientação dele, possivelmente também não conseguiria um bom resultado. Outro ponto que admiro é que durante todos esses anos nunca ouvi ele referenciar a equipe que gerencia como “minha equipe”, mas sempre, “nossa equipe”. É uma maneira acolhedora para falar sobre as pessoas com quem ele trabalha e acho isso fabuloso.

trabalho_em_equipe

Meu primeiro emprego foi quando eu tinha 17 anos (faltavam 2 meses pra completar 18 quando comecei um estágio) e hoje com 23 anos, já passei por três empresas. Não tive muitos gestores diretos, basicamente um ou dois em cada empresa, mas minha habilidade de observação e identificação de situações “por tabela” sempre ajudaram na percepção de muitas coisas que julgo erradas. Um exemplo são as situações que descrevi no início do texto. Alguns gestores tem o terrível hábito de carregar somente consigo os méritos pelos resultados da sua equipe. Não compartilham com os demais e quando são perguntados sobre a forma como trabalham, colocam o “eu” em primeiro lugar, esquecendo dos seus subordinados.

Felizmente nas equipes pelas quais passei, incluindo a que faço parte atualmente, isso nunca foi comum, e sempre que acontecia, muitas vezes as próprias pessoas percebiam seus erros ao relatar tal situação. Mas seguindo o que comentei, observando as demais equipes ao redor, ao longo dos anos, já presenciei gestores levando todo o mérito pelo trabalho da sua equipe, sem ao menos tentar privilegiar o seu time ou de alguma maneira dizer que eles também são responsáveis pelos resultados celebrados. Concordo que não estou em posição de dizer o que é certo ou errado no âmbito de gestão, mas tem coisas na vida que não precisamos estudar durante anos e viver por mais alguns pra defender e saber quando alguém está certo ou errado.